quarta-feira, 30 de maio de 2012

Comportamento Candomblé é mistério, meu nego! por Tiganá Santana

Comportamento Candomblé é mistério, meu nego! por Tiganá Santana
 
Comportamento
Senhoras e senhores: são tempos de invasão ao mistério. O chamado Ocidente (que não se trata de uma topografia), no elixir da sua "Modernidade de Esclarecimento", soergueu em muitos dos seus pensadores e pensantes uma racionalidade fálica e devastadora, a fotografar e estatizar o dinamismo da realidade (e da supra-realidade). Folhas, vento, modos, canto, terra, astros... tudo se enquadrava nas categorias de evidência, resolubilidade ou exclusão. O mistério excluía-se. Ainda hoje vivemos espasmos desta Modernidade.

Acreditamos na infalibilidade do doutoramento... no que se diz ou escreve, a partir de uma instituição. O que se crê em silêncio e, portanto, não pode ser partilhado discursivamente na ágora, não poderá ser ou será sempre perseguido pela suspeita suprema e imbatível do "real conhecimento". São tempos de mistericídio.

Na Bahia, tem acontecido outra sorte de assassínio deste mistério. Assomam-se às instituições de ensino (superior ou não) os comunicadores artísticos que expõem ao entretenimento os cânticos litúrgicos do Candomblé e religiões de matriz africana. Os "senhores da diversão" tornaram cânticos, toques, danças, vestes e mesmo ritos de Candomblé um conjunto circense para a apreciação carnavalesca de quem flerta, bebe e se desorienta. Urge entender que não se trata esta de uma religião de proselitismo e conversão, a utilizar-se das mais diversas estratégias para agregar fiéis.

Trata-se de uma religião de inerência - ainda àqueles que se originam de outros sítios culturais. Crê-se nas divindades dentro e fora do templo, vivenciamo-las em nosso próprio corpo, mas as cultuamos no templo. Evocá-las através dos cânticos requer preparação, configuração, contexto, entrega. Nem tudo de negro é para divertir. Convença-se o mundo disto! Convença-se disto uma Bahia que, ao longo de anos, ao lado do Rio de Janeiro, imprime ao "outro" um conjunto imagético frágil, risível, multicromático, sexual e superficial de culturas negras descendentes e precedentes. O Candomblé é uma religião de mistério e organização. Há o momento da fala e do calar; da iniciativa e da espera; do colorido e do branco; da criança e do velho.

É mais louvável, legítimo e belo que cantemos algo que se referencie no Nkisi, Orixá, Vodum, Caboclo do que a reprodução literal das palavras ali vocalizadas dos cânticos deste próprio Nkisi, Orixá, Vodum, Caboclo. A arte, inclusive, é um delicado moinho de interpretação e expressão de coisas que existem. Jamais poderá ser reprodução, ainda que queira o artista.

Apropriar-se desta manifestação do sagrado e sustentar-se financeiramente disto é colonialista demais. É importante que as pessoas saibam do Candomblé. É claro e por razões inumeráveis, sólidas, basilares. Entretanto há setores fundamentais que dizem respeito às pessoas que são o Candomblé - e estas, certamente, não andam por aí conspurcando o seu sagrado, o seu mistério. Muitos religiosos neo-pentecostais aspiram a magoar o coração daqueles que professam a religião do Candomblé. Não o farão. São externos demais a este culto ancestral e presente.

Todavia aqueles que dizem ser ou simpatizar com tal religião e a devassam na sua postura inadequada podem, com esta "amizade inimiga", de fato, ferir o coração, o qual aqui assume o sentido banto de interioridade (muxima, mutima, ntima). Em nome da bíblia, da razão, da rentabilidade, todos confluentes para o lar de uma específica ignorância, o mistério é fuzilado e o Candomblé resguarda-se a cada vez menos pessoas efetivamente... afinal, são tempos de desprezo pelo mistério.

*Tiganá Santana é compositor, cantor e xicarangoma do Terreiro Tumbenci (Lauro de Freitas-BA). Publicado originalmente em www.atarde.com.br/blog/mundoafro/index.jsf

http://www.aldeianago.com.br/artigos/6/2093

terça-feira, 22 de maio de 2012

Mostra no Recife faz degustação de pratos que são oferendas para orixás

22/05/2012 21h01- Atualizado em 22/05/2012 21h01

Mostra no Recife faz degustação de pratos que são oferendas para orixás

Evento vai de sexta (25) a domingo (27), no Museu da Abolição.
Organizadores buscam desmistificar preconceito contra religiões afro.

Do G1 PE
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Caldo de goiaba para Oxum é uma das iguarias exibidas (Foto: Luiz Santos/Divulgação)Caldo de goiaba para Oxum é uma das iguarias
exibidas (Foto: Luiz Santos/Divulgação)
A beleza e as delícias da gastronomia afro-brasileira estarão reunidas na 3ª Mostra Culinária de Terreiro, que acontece de sexta (25) a domingo (27), no Museu da Abolição, com entrada gratuita. Durante o evento, estarão reunidos babalorixás e yalorixás, para mostrar aos visitantes a tradição dessas comidas e como o tempero delas influencia a mesa dos brasileiros e, em especial, dos pernambucanos.

Participam da exposição 13 terreiros de candomblé de Pernambuco, selecionados pelo Centro de Cultura Afro – Pai Adão, que tem como líder o babalorixá Manuel Papai, do Terreiro Obá Ogunté. Ele faz parte do histórico Sítio do Pai Adão que, com 150 anos de existência, pratica de forma ortodoxa o culto nagô.

Os visitantes terão acesso a 29 pratos que fazem parte de ritos e oferendas a orixás, mas também podem ser degustados pelo público. Entre eles, estão receitas como omolucum, feito com fava, camarão e ovos, oferecido a Nanã. Para Oxum e seus filhos, o ipeté (inhame, camarão e dendê) e a calda de goiaba devem conquistar o público.

Um dos destaques desta edição é o latapá, oferecido na barraca do oxirá Obá. A especiaria é preparada com milho verde, camarão, amendoim em pó, castanha em pó, gengibre ralado, azeite de dendê, cebola e cebolinho. Também será oferecido, pela primeira vez, o pato para Yemanjá.

Segundo os organizadores, a Mostra Culinária de Terreiro tem como objetivo desmistificar os pratos desenvolvidos no candomblé, e disseminar o zelo pela tradição, além da importância de liberdade de crenças. Para isso, a abertura do evento, que acontece a partir das 19h da sexta-feira (25), vai contar com a realização de um xiré, ato religioso com cânticos sagrados.

A 3ª edição da exposição vai contar, ainda, com a oficina “Aprendendo com quem sabe”, onde os conhecedores dessa cultura vão ensinar o modo tradicional de fazer a “comida de santo”. As inscrições para as oficinas serão feitas no local da mostra, com vagas limitadas.

Serviço

3ª Mostra Culinária de Terreiro
Abertura na sexta (25), a partir das 19h
Visitações no sábado e domingo das 16h às 21h
Museu da Abolição – Rua Benfica, 1150 - Madalena
Entrada franca

http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2012/05/mostra-no-recife-faz-degustacao-de-pratos-que-sao-oferendas-para-orixas.html

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Somos Todas Rainhas



A associação Frida Kahlo lança a publicação "Somos Todas Rainhas"
que traz a história de grande guerreiras Africas e Brasileiras afim de elevar a auto-estima das mulheres que são constantemente esquecidas nas salas de aula de nossas escolas e dos meios de comunicação de massa. Acessem http://www.afrika.org.br/str-web/INDEX2.HTML